Segundo o teórico Joseph Schumpeter, o conceito de empreendedorismo é indissociável da inovação. Para ele: “a essência do empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios e tem sempre a ver com criar uma nova forma de uso dos recursos” [1]. Por isso, o empreendedor tem influência direta sobre o desenvolvimento da comunidade. De acordo com a Global Footprint Network, organização internacional de pesquisa em sustentabilidade, em 2018 o Earth Overshoot Day (dia do ano em que a demanda anual por recursos excede o que o planeta é capaz de regenerar no mesmo ano) ocorreu no dia 1º de Agosto [2]. Sendo assim, a cada ano a humanidade está esgotando mais rapidamente os recursos naturais. Dessa forma, chegamos em um ponto do desenvolvimento onde apenas empreender não é mais suficiente.
A partir de tais constatações, percebe-se a necessidade de converter o empreendedorismo em uma atividade consciente e sustentável, isto é, tendo noção dos impactos que uma atividade tem sobre a comunidade, sejam estes impactos positivos ou negativos e estabelecer uma grande dedicação para maximizar os impactos positivos em detrimento dos negativos. Dessa forma, é possível dividir os impactos em três grandes áreas: ambiental, social e econômico.
Impacto ambiental
– Como é feito a gestão dos resíduos produzidos pela empresa?
– O produto vendido pode ser reciclado ao final de sua vida útil?
– Como é feito o controle do consumo de energia e água nas instalações da empresa?
– Quais medidas são tomadas para prevenir, mitigar, recuperar ou compensar os impactos ambientais causados pela atividade da empresa?
Impactos sócio-econômicos
– O resultado final do serviço ou produto oferecido é positivo para a comunidade?
– De que maneira e até que ponto a empresa impacta a comunidade? Quantos empregos ela gera?
– Quais os indicadores que a empresa utiliza para avaliar o desenvolvimento que ela promove?
– Qual a condição de saúde física e mental dos colaboradores da empresa?
Ser um empreendedor consciente e sustentável significa ter resposta para todas estas perguntas, ou seja, ter plena consciência dos propósitos e dos impactos da empresa.
Agenda 2030
No ano de 2015, a Organização das Nações Unidas lançou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que contém 17 objetivos e 169 metas com a finalidade de estimular a ação em áreas cruciais para a humanidade: pessoas, planeta, prosperidade, paz e parceria [3].
Por ser um agente de mudanças no meio em que vive e por impactar direta ou indiretamente a comunidade em que está inserido, o empreendedor deve ter suas ações alinhadas o máximo o possível com esta Agenda.
A partir disso o empreendedorismo sustentável apresenta barreiras ao longo de sua implementação, já que este apresenta a necessidade de reformulação de uma base produtiva, uma vez que toda a produção anteriormente estabelecida era voltada para um aproveitamento de recursos que não necessariamente estão voltadas para o aproveitamento máximo em oposição à uma possível devastação ambiental, por exemplo. A partir de tal reformulação da cadeia produtiva destina-se um gasto maior à recursos que não necessariamente são os mais baratos, já que muitas vezes a matéria-prima cujo custo é o mais baixo não é a usada no processo produtivo, por exemplo, o que impede a inserção dos eco-friendly no mercado.
Definir seu público alvo, quais são suas necessidades e vontades, e quais ferramentas são necessárias para atingir seus objetivos e conquistar os consumidores resumem as principais dificuldades de marketing para as empresas. Além disso, tecnologia e redes sociais são dispositivos muito úteis para auxiliar na imagem da corporação.
O MEJ e a agenda ecológica
A partir do estabelecimento de tais fatores e da importância do empreendedorismo sustentável devemos estabelecer a relação entre o alinhamento do Movimento Empresa Júnior em todo o Brasil com o desenvolvimento sustentável. Isso ocorre já que de acordo com a ética que a envolve constata que todas as empresas federadas devem estar em alinhamento com os 17 objetivos da ONU (imagem abaixo). Além disso, a partir da concepção de que as empresas juniores têm a missão de inovar, é importante que as diretrizes da inovação estejam de acordo com o empreendedorismo consciente, de maneira a garantir que em um futuro próximo as inovações tenham a tendência de não consumir mais do ambiente do que o mesmo pode se regenerar e que possa garantir que as próximas gerações tenham disponível a mesma quantidade de recursos que a geração presente.
Fontes:
[1] Filion, Louis Jacques; 1999; Empreendedorismo: empreendedores e proprietários- gerentes de pequenos negócios; Revista de Administração da USP; São Paulo; 34 (2): 5-28.
[2] Global Footprint Network; 2018; Portal; Disponível no link; Acesso realizado em 27/08/2018.
[3] Plataforma Agenda 2030; 2018; Portal; Disponível no link; Acesso realizado em 28/08/2018.
AUTORES: Cesar Sandre e Gabriel Gouveia – Trainees
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